sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Alergia ao leite de vaca

Alergia ao leite de vaca

A alergia alimentar acomete preferencialmente crianças, atingindo até 8%  das crianças nos primeiros três anos de vida. Entre os adultos, cerca de 2% podem apresentar alergia alimentar. A alergia ao leite de vaca (ALV) é uma das mais comuns alergias alimentares na infância.
Alergia alimentar é uma reação anormal à ingestão de um alimento, que envolve o sistema imune.
O leite vaca possui em sua composição três proteínas principais que podem causar alergia alimentar: alfa- lactoalbumina, beta- lactoglobulina e a caseína. Aqui vale lembrar que, lactose é o açúcar do leite, e nada tem a ver com alergia alimentar. A lactose pode levar a outra doença, chamada Intolerância a lactose.

As manifestações clínicas (sinais e sintomas) de uma reação alérgica alimentar podem ser desde leves até reações graves e fatais:
  • Na pele: manchas avermelhadas, edema (inchaço), e prurido (coceira);
  • No trato gastrointestinal: náuseas, vômitos, diarréia, cólica, constipação (prisão de ventre), prurido na boca e garganta;
  • No trato respiratório: espirros, coriza, obstrução e prurido nasal, tosse, chiado, falta de ar, e rouquidão.
  • No sitema cardiovascular: desmaio, perda de força, palidez, cianose (lábios e extremidades arroxeados), e morte em casos extremos.

Quanto ao tempo de aparecimento dos sintomas, a ALV:
  • Imediata: ocorre logo após a ingestão do leite de vaca e pode ser comprovada através de testes alérgicos cutâneos e/ou exames de sangue.
  • Tardia: pode ocorrer dias ou semanas após a ingestão do leite de vaca, não podendo ser comprovada por testes cutâneos ou exames de sangue.

 Felizmente, a maioria das crianças deixa de ser alérgica ao leite de vaca com o passar dos anos (tolerância ao leite de vaca). Porém, a reintrodução deste alimento só deverá ser feita após exames e orientação médica.
  Reações graves, de início rápido, que colocam em risco a vida, e necessitam de atendimento imediato em pronto socorro são chamadas anafiláticas, ou choque anafilático. Geralmente o paciente apresenta dispnéia (falta de ar), sensação de morte iminente, pressão baixa, desmaio e até a morte. Lesões cutâneas também podem estar presentes.
O diagnóstico da ALV é realizado através da história clínica, dos testes alérgicos e testes de provocação. Para pacientes que apresentam as reações tardias, os exames laboratoriais e cutâneos têm pouca ou nenhuma validade, sendo fundamentais os testes de provocação.
Importante salientar que na ausência de sinais e sintomas, um exame positivo não pode ser denominado alergia, apenas sensibilização ao leite de vaca. Para considerar o paciente alérgico ao leite de vaca é fundamental a presença dos sinais e sintomas juntamente com os testes positivos. Muitas vezes um alimento é retirado da dieta de um paciente sem comprovação clínica, trazendo prejuízo ao seu estado nutricional. No caso de crianças, o crescimento e o desenvolvimento podem estar comprometidos por um diagnóstico errôneo.

.O tratamento é baseado em:
  • Exclusão total do leite de vaca e seus derivados da alimentação, pois muitos produtos contém leite (queijo, iogurtes, requeijão e bolachas).
  • Substituição do leite de vaca por fórmulas hidrolisadas de leite, que são proteínas quebradas em partículas menores, com redução da capacidade alergênica.
  • Indicação da fórmula substituta completa no que diz respeito às concentrações de macro e micronutrientes, que supra as necessidades nutricionais da criança.

As fórmulas infantis de soja são alimentos nutricionalmente adequados e balanceados, sendo destinados à alimentação das crianças menores de um ano de idade, e estão de acordo com as recomendações nutricionais internacionais.
Por outro lado, as bebidas a base de soja são alternativas possíveis, mas incompletas, indicadas apenas para crianças acima de um ano de idade.
A presença do cálcio nas fórmulas, em quantidades ótimas, é fundamental para o crescimento da criança com alergia ao leite de vaca, uma vez que o cálcio desempenha importante função na formação e manutenção de ossos e dentes. O cálcio proveniente dos vegetais (brócolis, couve, espinafre, figo) não é suficiente para suprir as necessidades diárias.

Evolução
A maioria dos pacientes com alergia ao leite de vaca consegue voltar a usá-lo após um período de restrição em torno de três anos. Numa parcela menor de pacientes, há necessidade constante de reavaliações para saber o momento adequado para a liberação da dieta.
Os exames podem ser repetidos anualmente para avaliar se o alimento já pode ser reintroduzido, sem causar reações no paciente. Outros exames podem ser realizados para acompanhamento nutricional.
Para os casos graves (anafilaxia) deve ser determinado um plano de emergência, com orientações ao paciente ou cuidador, medicações necessárias, e um contato telefônico de serviço médico.





Algumas orientações são muito importantes:
  • Ler com atenção o rótulo de produtos industrializados para verificar se houve mudanças na composição de alimentos;
  • Entrar em contato com indústrias alimentícias para esclarecimento e conhecimento adequado de produtos sem leite de vaca, através do serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC);
  • Lactose, caseína, caseinato, e proteína do soro/ whey, significam presença de proteínas do leite de vaca no alimento, tornando-o proibido;
  • Cuidado ao consumir preparações caseiras ou industrializadas - o leite pode estar oculto, como ingrediente de manteigas, margarinas, cremes de leite, chocolates, sorvetes, bolos, pudins, empanados, molhos, tortas entre outros.
  • Alguns medicamentos e cosméticos podem conter leite em sua composição, por isso antes de administrar qualquer remédio ou produto, leia atentamente o rótulo.

Atualmente, o melhor método de prevenção das alergias alimentares é o aleitamento materno, sendo a introdução precoce dos sólidos na dieta do lactente (antes do sexto mês de vida), o grande responsável pela sensibilização alimentar.



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